THE world

ㅤㅤEm um mundo perfeito, uma deusa se rebelou contra sua família. Uma única deusa não poderia pintar o novo mundo só, então escolheu mais dois lindos tons e juntas criariam harmonia. O mundo criado foi um lugar cinza, onde habitariam a família branca e a família negra. Mas... O mundo criado somente era cinza. Mesmo que belo por fora, por dentro apenas tinha um tom. As duas rainhas procuravam mais cores e o que encontraram foi...
ㅤㅤEm um novo mundo, a pequena deusa começou a pintar um novo quadro. Surgiu um garoto chamado Louise como herdeiro para Mei, a rainha da família branca, e um chamado Kia para ser o herdeiro para Mitsuki, a rainha da família negra. Em algum lugar dessa pintura estavam suas almas gêmeas. E encontrá-las seria o primeiro passo para obter uma obra de arte.
ㅤㅤEm um quarto apenas iluminado pelo sorriso da pequena Amélia, foi onde Louise encontrou quem iria completar seu coração. Dançando como em um baile, os amantes deram as mãos e esqueceram seus destinos. Agradecendo a deusa pelo amor, Amélia se tornou a nova princesa branca.
ㅤㅤEm um labirinto sem fim, Kia seguia a mais bela voz. Acompanhado de um belo instrumental de piano, o garoto apenas fechou os olhos e decidiu correr para a dona dessa canção. Junto da música de suas almas, Kia rezava a deusa pelo bem da nova princesa negra, Annabeth.
ㅤㅤMas, antes que você ache que isso poderia ser considerado um conto de fadas, lembre-se que uma deusa abandonou um mundo perfeito para criar outro diferente. Estava entediada? Ou haveria outra razão?... No mais lindo mundo, uma garotinha decidiu jogar uma pintura fora e começar outra. Sem nenhuma tinta sobrando, ela mesma teve que imaginar sua pintura. Por enquanto essa tela branca é apenas os sonhos de uma menina, mas quando será que ela irá acabar com essa ilusão e decidir que esta na hora de pintar de vermelho?

Spoiler:

Spoiler:

ㅤㅤ“Já desistiu dessa bagunça, Annelise?”
ㅤㅤ“Eu os amo. Eu amo todos... Por que... Nunca desistirei daqueles do qual eu dei minha alma, então, nunca mais me pergunte isso.”
ㅤㅤ“Posso ver duas rainhas: a irmã iludida e sua irmã invejosa. Vejo um príncipe mesquinho e outro solitário. Vejo uma princesa subordinada e outra tentando ser a melhor. Nenhum deles pensa nas conseqüências disso tudo...”
ㅤㅤ“Eu vejo minha família. Eu vejo um futuro onde todos estarão juntos festejando, mas...”
ㅤㅤ“Você ainda nem encontrou o tom que tanto procurou Annelise.”
ㅤㅤ“Sei que logo vou encontrá-lo. Esse tom será a mais linda dama ou o mais charmoso rapaz. Não me importo mais com nada, apenas cuidarei dos meus nobres e do meu tom perdido.”
ㅤㅤ“Memórias perdidas... Talvez você nunca encontre. Mas, e se você achar, e não ser como esperava? Às vezes devemos nos contentar com o que temos. Nesse momento estamos sonhando e se você acordar e descobrir um pesadelo?”
ㅤㅤ“Que tipo de mundo se encontra fora desse lugar? Vou sentir o sofrimento de descobrir isso. Se eu alcançar o mundo que desejo, será um mundo espetacular... Mesmo se esse mundo for outro pesadelo dentro de um sonho. A chave para o novo mundo é decidir acordar. Conseguindo ou não, um novo mundo me aguarda.”
ㅤㅤ“Até os deuses choram, querida.”
ㅤㅤ“Até os deuses sonham, Michelle.”

ㅤㅤEm um vilarejo, entre o castelo das duas famílias de nobres, uma garotinha cantava a canção do desespero. Presa em dividas, enforcada pela pressão diária, uma garotinha gritava por salvação. Quase sem esperanças, rezava para a deusa. Ela não queria dinheiro ou misericórdia, apenas o bem de sua recém nascida filha. Sem pai, Alexandra não teria uma vida fácil, mas sem sua mãe, a bebê estaria perdida.
ㅤㅤPerto dali, Annabeth caminhava acompanhada de Miranda, a empregada da família negra. Sem deixar de perceber um corpo jogado em um dos cantos da rua, a princesa analisou a menina. Deveria ter quase a idade dela e realmente era linda. Era... Não havia nada para se fazer agora. Ordenando a empregada achar alguém para enterrar a garota, foi interrompida por choros de um bebê. Entre os braços da falecida, a criança vivia. E o belo coração de Annabeth a fez segurar, notando um papel azul embaixo dela.
ㅤㅤ“Por favor, cuide bem de minha Alexandra. A deusa irá te agradecer.”. A princesa sorriu ao ver as bochechas rosadas da criança e caminhou de volta para o palácio com ela.
ㅤㅤEnquanto isso, Miranda conseguiu dois rapazes para retirar o corpo da mulher da rua e enterrá-la. Logo depois de levantá-la, a empregada notou um papel vermelho no chão. O pegou e começou a ler.
ㅤㅤ“Eu pedi para a deusa me manter viva para cuidar de minha criança, porém ela decidiu nos separar. Eu amaldiçôo todos desse mundo. Espero que o fim chegue logo para aqueles que me afastaram da pequena Alexandra.”
ㅤㅤPapel azul. Papel vermelho. Os dois lados de uma história que está apenas em seus primeiros atos. O amor de uma mãe e o ódio de uma mulher. Mesmo que tão separados, sempre estarão um do lado do outro. Papel azul. Papel vermelho. Em qual esta seus sentimentos verdadeiros?

ㅤㅤTudo começou em uma tela branca, e por isso essa família se sentia a mais especial. Mesmo que a deusa amasse todos da mesma forma, Mei confiava que ela era a escolhida para cuidar de todo o mundo. Quando descobriu que Mitsuki - sua irmã - havia nascido primeiro nesse mundo, a rainha branca chorou. Mas, mais do que isso, o mundo branco a chateava. Para onde olhava, não havia nada. Então pediu ajuda a deusa que tanto amou e odiou diversas vezes. A deusa fez aparecer belas cores ao leste. Louise, o terceiro ser deste mundo, se sentia solitário. O seu amor se tornou tons quentes e aconchegantes e estes se transformaram na princesa branca que estava presa em dos quartos do castelo negro. De alguma forma Louise foi levado até aquele lugar e então o mundo branco estava completo. A mais bela harmonia.
ㅤㅤA rainha branca, certa que a família negra havia escondido seu tão esperado tom, decidiu que naquele momento em diante o lado negro deveria deixar de existir. E então o lado branco, repleto de vida, se tornou cinza novamente. “A deusa esta desistindo de nós por causa daquela família. Devemos acabar com eles!”. E cada vez mais a doce família branca perdia a alegria.

ㅤㅤTudo começou em uma tela branca. Annelise lançou tons encima de outros e resultou no lado negro. Ele era realmente lindo, mas a deusa queria mais do que isso, então criou o lado branco. A rainha negra, achando que não era suficiente para a deusa, invejou o amado lado branco que havia obtido mais um tom. Mitsuki pediu a deusa para ter um novo tom e a mesma concedeu belas cores no oeste. Kia, o quarto ser desse mundo, sempre sonhava com um lugar tão claro que não conseguia ver nada. Dia após dia o príncipe negro descobria mais sobre aquele lugar; era um labirinto, mas ele nunca encontrava a saída... Até ouvir aquela linda voz que o guiava. O amor de Kia se tornou tons frios e cuidadosos. Um sonho que se tornou realidade fez que finalmente o mundo negro tivesse belas cores.
ㅤㅤMesmo que tudo estivesse bem, o ódio que a rainha branca enviava para a família negra e toda a inveja por se tornar perfeito após ela, fez o mundo negro se tornar cinza novamente.

ㅤㅤ“Não, não podemos ficar com essa criança!”. Mitsuki discutia com Annabeth por causa do bebê trazido para o castelo. Primeiramente a rainha negra havia ficado feliz, achando que haveria nascido um novo tom, porém, a alma daquela menininha era cinza. Apenas mais uma humana jogada nesse mundo, rejeitada pela deusa. Uma garota assim nunca poderia estar junto com a nobreza. “Se você não quer deixá-la sozinha, deixe que Miranda cuide dela.”
ㅤㅤ“Não mãe. Meu coração diz que devo cuidar de Alexandra e dessa vez eu vou escutá-lo. Dessa vez... Apenas dessa vez, eu vou fazer o que eu acho certo.” Disse Annabeth, subindo as escadarias em direção ao seu quarto.
ㅤㅤ“Kia sabe disso?” perguntou Mitsuki, virando as costas para as garotas. A princesa negra não tinha ideia de qual seria a reação de seu amado, mas estava certa que nada faria desistir daquele bebê. Felizmente Kia estava treinando sozinho fazia dois dias, e provavelmente não iria voltar logo para o castelo, assim Annabeth teria mais tempo para se preparar antes de contar tudo para ele. Enfim a princesa subiu para seu quarto e deixou a pequena Alexandra dormir, enquanto escrevia uma lista do que ela precisaria para cuidar da menina.

ㅤㅤ“Annelise! Michelle me disse que você ainda não desistiu desses inúteis. Por que ainda esta cuidando deles? Apenas jogue-os fora e volte para o nosso mundo. Você sempre será bem-vinda de volta.”
ㅤㅤ“Está com ciúmes, Elliot? Deve ser por isso que ainda te aturo. Seus defeitos humanos me atraem.”
ㅤㅤ“É claro que eu não estou com ciúmes! Deuses são perfeitos, minha irmã, então não se engane em achar que poderíamos ter características tão inferiores.”
ㅤㅤA deusa riu e juntou o seu lábio ao de Elliot, dando um leve, mas quente, beijo. “Eu não gosto de quando você nega seus erros. Sabe, esse é um dos defeitos mais óbvios de seres como nós. Eu amo quando os humanos erram, mas confessam para si mesmo que estavam errados e ainda arrumam isso. Todos eles são perfeitos porque sabem que eles têm defeitos e mesmo assim querem definitivamente apenas mostrar suas qualidades. Eu acredito que eles podem se superar. Eu sei que eles poderão se elevar ao nosso mundo um dia.”
ㅤㅤ“Por que você faz isso, Anne? Por que... Por que você quer me fazer dizer que estou com ciúmes? É tão vergonhoso. Você adquiriu tantas características humanas que acabou fazendo com que aqueles ao seu redor também obtivessem. Eu tenho inveja dos humanos que você ama. Não, mais do que isso, eu tenho ciúmes do seu amado tom. Você o achou, não é?”
ㅤㅤ“Querido... Acho que sim”
ㅤㅤ“Você acha? É disso que estou falando. Devemos ter certeza, não achar. Eu te amo, Annelise, mas você esta se tornando humana demais para continuar junto dos deuses.”
ㅤㅤ“Logo eles vão me expulsar, não é? O que acontecerá com meu amado mundo se a deusa deles desaparecesse?... Por favor, Elliot, se eu for expulsa, prometa que cuidara de meus amados.”
ㅤㅤ“Você é uma idiota, Anne! Peça isso para outro. Se você sair desse mundo, não importa para onde vá ir, eu vou junto. Eu, mesmo sabendo que nunca serei melhor que aquele seu tom tão esperado, sempre estarei junto a ti. Mesmo você sendo uma imbecil, eu te amo Annelise.”
ㅤㅤ“Amor... Isso existia antes no nosso mundo? Obrigada Elliot, eu te amo querido. Eu agradeço por tudo que você fez e fará por mim. Ainda irei retribuir seu amor, mas agora preciso pedir esse favor para Michelle.”
ㅤㅤ“Você não desiste...”
ㅤㅤ“Não mesmo.”

ㅤㅤ“Como vai o treinamento com Dick, querido?”. Perguntou Amélia, sorrindo para Louise. A garota se recusava participar dessa guerra entre as duas famílias, por isso se preocupava com seu amado, sempre querendo saber como iam os treinamentos.
ㅤㅤ“Não preferiria saber como vai o Dick?”. Suspirou o príncipe branco, dando as costas para a garota sem ao menos responder sua pergunta. A mesma segurou Louise pelo pulso direito, porém ele, em um gesto rígido, se soltou e seguiu sem olhar para trás até o seu quarto.
ㅤㅤ“Ele está apenas chateado”. Comentou o mordomo, entrando no salão. “Ele não tem evoluído muito ultimamente e está perdendo até para mim”. O homem deu uma leve risada, colocando um sorriso novamente presente no rosto da princesa branca. Aproximando lentamente da garota, Dick a abraçou. Em seus aconchegantes braços, a princesa sentiu-se protegida. Esperando que fossem apenas sentimentos confusos, sem querer, Amélia acabou gostando do rapaz mais do que poderia. Vendo a cena pela fresta da porta, um príncipe chorava. E, vendo a cena, em outro mundo, uma deusa lamentava.

ㅤㅤ“Eu queria acreditar em suas palavras, Annelise...”. Falou a deusa com uma aparência mais velha. “Eu queria mesmo. Mas, depois de tudo que você viu, ainda protegerá eles?”. Michelle segurou as mãos da garota e as fitou. “Suas mãos... Estão machucadas. Depois de tudo isso, eu apenas pude ver ódio, angustia, dor, irá e agora... Traição. Você está cega de amor por um humano que nem consegue ver que os irmãos dele, aqueles que você criou... Está tudo sendo destruído.”
ㅤㅤ“Elliot te disse que eu achei meu tom, não é? Muitos podem não acreditar, mas não amo apenas um tom. Isso era apenas o que faltava para iluminar meu mundo. Eu sei que se, mesmo que eles errarem agora, eles tentaram consertar tudo.”
ㅤㅤ“Annelise, você está sendo expulsa!”. Michelle decidiu ser direta. "Nesse momento você tem uma escolha a fazer: continuar ao lado de sua família ou ser mandada para fora do paraíso.”
ㅤㅤ“Paraíso? O meu céu é o mundo que eu construí. Se eu tiver que desistir dele, eu estarei desistindo da minha eterna felicidade.”
ㅤㅤ“Você sabe que se você renunciar a nós, Elliot disse que irá junto. Tem certeza que deseja sacrificá-lo? Não importa o quando colorido for essa sua pintura, no fim continuara sendo apenas cinza. Lá no fundo você sabe que nunca poderá ter um mundo perfeito.”
ㅤㅤ“Elliot acredita em seu amor, por isso não posso dizer para ele não fazer o que seu coração deseja. Querida, eu não quero um mundo perfeito. Eu quero um mundo onde aja uma segunda chance para aqueles que erram. Quero um mundo onde os defeitos não tenham que ser perdoados, mas aceitos. Michelle, eu quero que você me mande para o mundo que eu criei.” Annelise caminhou até a porta daquele quarto escuro. “Os detalhes eu te conto no nosso ultimo jantar. Agora venha, estão nos esperando.”

ㅤㅤMesmo que a Deusa Cinza clamasse palavras honrosas, por dentro ela se machucava mais do que já estava por fora. Antes de ser mandada para seu belo mundo, ela viu o príncipe negro batendo na doce princesa negra. A mesma, não querendo abandonar a pequena Alexandra, foi expulsa do castelo. Esse mundo estava sendo destruído antes mesmo de começar a guerra; e Annelise sabia muito bem disso.
ㅤㅤA deusa sorriu durante todo seu ultimo jantar, mas ninguém de sua família conseguiria decifrar sua dor de uma alegria forçada. Quando o que você mais ama te decepciona, tudo se destrói. O amor de um mundo se torna o ódio para decidir acabar com tudo. Mesmo que ela quisesse acabar com aquelas famílias, a pequena menina sempre via algo bom. Desde uma princesa que buscava consolo a um príncipe com medo da mudança, ela achava beleza nisso tudo. Mas, no fim, isso não bastava. Então o que ela queria? Achou todos os seus tons, porém ainda era cinza.
ㅤㅤNo fim, a deusa continuou a cair em direção ao chão. Por muito tempo ela já havia perdido suas asas, mas só ao ver que estava se afogando nas suas próprias lágrimas, ela gritou por ajuda. Uma mão segurou a sua e foi trazida para a superfície. Quase morta, um anjo deu a vida para ela. Um príncipe às vezes pode ser um bobo da corte, e, só às vezes, pode ser o próprio deus do novo mundo. Então, você é um bobo ou é um rei, Louise?
ㅤㅤ“Onde está Elliot?” foi a primeira coisa que a deusa falou após abrir seus olhos, e sentou-se rapidamente.
ㅤㅤ“Elliot? Se está falando do loiro que chamava todos de ‘humanos inúteis’, ele disse que daria uma volta ‘pelo mundo’.”
ㅤㅤA menina não conseguiu se segurar e riu. Riu como nunca tinha rido antes. Estava feliz, finalmente em seu mundo.
ㅤㅤ“Você está bem, moça? Deveria tomar mais cuidado ao nadar...”. O príncipe estendeu a mão para Annelise, como para ajudar ela a levantar.
ㅤㅤ“Obrigada por me salvar, Louise. Estou bem sim, por sua causa.”. E ela aceitou a ajuda do garoto e levantou-se da areia.
ㅤㅤ“É alguma empregada? Nunca vi você por aqui, senhorita... Desculpe-me, mas qual seu nome?”
ㅤㅤ“Bem, sou só uma artista novata. Apenas gosto de colorir minha vida. E pode me chamar apenas de Elise, senhor príncipe.”. E ela fez uma reverencia. “Há muito tempo espero poder falar contigo, meu doce garoto”.
ㅤㅤPara Louise, a deusa era realmente interessante. De fato, uma artista que conseguia fazer um príncipe corar era algo um tanto quanto curioso. Entretanto, o garoto não se sentia que aquela menina estava sendo ousada demais. Um pouco mais nova que ele, ela proclamava palavras gentilmente junto a uma voz amorosa. Por muito tempo sentia falta de algo assim. Alguém que o fizesse se sentir especial. Ela, por outro lado, não se importava com a hierarquia do próprio mundo. Um dia deusa, nesse momento ela era apenas uma plebéia, mas ainda esperava cuidar de seus amores. Nesse mundo, ela começaria a mudar a família branca por dentro, e sabia que Elliot faria o mesmo com a família negra. Como ele faria, ela não sabia, mas não importava; afinal o método que essa artista imaginava para ter harmonia em sua obra era somente caos.

ㅤㅤ“Quando essa criança crescer, ela se tornará uma belíssima rainha”. Annabeth se lembrava das palavras do viajante ‘vidente’. Mesmo que ela não acreditasse muito nisso, a princesa negra ficou feliz em pensar no bebê como uma rainha. Porém, antes disso, ela teria que voltar para sua família, mas Kia nunca aceitaria a menina. Não, nobre ou plebeu, o príncipe negro deveria ser odiado por rejeitar Alexandra.
ㅤㅤ“Ei moça” falou o tal vidente “conte até dez nos dedos, então você verá que isso é somente ‘um zero’.”
ㅤㅤ“O que você quer dizer com isso, loira oxigenada?”
ㅤㅤ“Obrigado pela gentileza. Enfim, nada é tão simples quanto parece. Vamos, conte até dez. Você verá suas mãos abertas, mas, no fim, não fará diferença. Mãos fechadas ou abertas, você pode ter dez ou zero quando quiser. Tendo elas abertas, você pode pegar o que vier, mas nunca terá ela permanentemente. Tendo elas fechadas, nunca poderá ter algo novo. Aberta ou fechada, de qualquer modo estão vazias. Não importa se contar até dez. Se você não fizer escolhas, ela se manterá apenas sendo ‘um zero’ ou ‘dez’.”
ㅤㅤ“Um... Dois... Três... Quatro... Cinco... Pronto.”. A princesa negra sorriu e continuou a andar com o neném no colo.
ㅤㅤElliot suspirou e foi caminhando no caminho oposto ao da garota, em direção ao castelo negro. “Não há escolha certas, Annabeth. Somente escolhas. Eu sei que uma mão você abre para o destino, e na outra você cuidará da pequena Alexandra. ‘Cinco’ é apenas ‘cinco’. Nada mais que um número qualquer... Mas nada é apenas qualquer coisa, querida. E você descobrirá isso em breve.”

ㅤㅤUm rastro no chão que com o tempo seria esquecido. Um rastro que ia sumir e nunca mais apareceria novamente. Porém, naquele momento, o rastro de sangue que ia do quarto do príncipe negro até as escadarias causava pânico a Mitsuki. A rainha negra não sabia o que fazer quando viu tanto sangue na cama de seu amado filho e um corpo insistente. Kia estava desaparecido, o que concluía que provavelmente ele foi assassinado ou seqüestrado; mas, de qualquer forma, a rainha negra não acreditava em nenhuma dessas suposições. Ela mesma conhecia a força de seu herdeiro, e sabia que o mesmo não deixaria ser morto dessa maneira. O sangue, talvez, nem fosse dele. Mas a questão era: “para onde você foi Kia?”
ㅤㅤAté mais do que por amor, a rainha negra não queria perder a guerra. Apenas ela não poderia lutar contra a família branca sozinha. Sabendo disso, ordenou Miranda para buscar Annabeth e trazê-la de volta ao palácio. Com o bebê ou não, Mitsuki precisava de aliados e a princesa negra era a opção mais próxima.
ㅤㅤNão demorou muito para a empregada encontrar Annabeth e Alexandra abrigadas na casa de uma velha mulher, que com os filhos se “aventurando” pelo mundo cinza, a senhora não pensou duas vezes para aceitar a princesa e a criança expulsas do palácio. Miranda contou para Annabeth o motivo de procurá-la. No começo a princesa rejeitou a ideia, porém, após saber sobre o príncipe, e pensar no melhor que poderia dar para Alexandra, a garota aceitou voltar. Pedindo para a empregada deixar uma boa quantidade em ouro para a bondosa senhora, retornou ao castelo.